Carro 2011 já é velho?

O automóvel é na nossa sociedade um bem de consumo e uma necessidade quase básica, principalmente para os que vivem como nós no interior do Brasil. Uma das mentiras construídas é a de que precisamos trocar de carro a cada ano. Mais que isso, somos induzidos a trocar de ano sem que isso represente acréscimo em qualidade, desempenho, segurança, conforto. Trocamos apenas para que no documento conste o ano-modelo novo. Em outros países, assim com em quase toda a Europa, as trocas de modelos ocorrem quase sempre depois de uma década em que aquela carroceria foi usada, quando então os fabricantes inovam, alteram projetos e apresentam um novo produto e motivam o consumidor a buscar a novidade, o verdadeiro carro novo.

Legislação
Em terras tupiniquins, por não existir legislação adequada, os fabricantes riem à toa e nada impede que o veículo ano-modelo 2012 fosse  lançado em qualquer data, a partir de 1º de janeiro deste ano. Embora não seja ilegal, essa prática faz os adquirentes sentirem-se verdadeiros idiotas, traídos pela marca na qual acreditaram. E a desfaçatez dos fabricantes não tem limites. Para eles, basta trocar a cor de um friso, alterar um detalhe do painel de instrumentos, arredondar uma sinaleira ou simplesmente mudar a posição do logotipo e, pronto, temos um novo modelo, enquanto o infeliz consumidor vê o seu veículo ano-modelo 2011 tornar-se obsoleto, defasado, e tome-lhe prejuízo. Sim, porque nessa brincadeira de lançar um veículo de ano-modelo mais recente, automaticamente faz de idiotas os compradores do ano-modelo atual, que amargarão um prejuízo de cerca de R$ 10 mil, em muitos casos da noite para o dia.

O nome
Pronto: um leve “tapinha” da engenharia e o carro fica “novo”. A propósito, você reparou que a indústria automobilística transformou o adjetivo em substantivo? É verdade: muitos carros incorporaram a palavra “novo” no próprio nome: New Civic, New Fit, Novo Gol, Nova Saveiro, Novo Fiesta, Nova Ranger, Novo EcoSport.... da mesma forma que Nova Skin ou Nova Iorque: o novo faz parte do nome do carro.

Perda de valor
Com isso, o modelo anterior fica velho: é esse o sentimento do dono do carro, afinal, ele acabou de comprar um carro “de última geração”, moderno, ano 2011, e aparece esse “modelo novo” com um friso preto e transforma o seu carro em “velho”. O envelhecimento precoce não é mero sentimentalismo. Comercialmente, o carro perde valor com a chegada do “novo”no mercado, mesmo que a diferença seja um friso preto.

Sérgio de Bona Portão

1 Comentários

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  1. Isso é muito errado. A pessoa compra o carro em junho de 2011 e em julho do mesmo ano, você ja está com um carro velho porque já tem um carro 2011/2012. Era pra ter uma lei proibindo isso...

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