O número de binários em Natal aumenta a cada ano. Em 2016, a tendência não foi diferente. A solução de transformar ruas paralelas em mão única - uma para cada sentido - há alguns anos é uma das soluções encontradas pela prefeitura do Natal para tentar amenizar o trânsito na cidade.
Só em 2014, passaram a funcionar doi grandes binários em Natal: Miguel Castro e Amintas Barros e já existiam também Cel. Estevam e Amaro Barreto.
Toda a forma de organização do trânsito em uma cidade é válida e os binários são uma forma de organização.
A implantação dos binários precisa ser estudada, já que eles podem provocar diversos impactos em uma região. A avenida Capitão-Mor-Gouveia, por exemplo, tem muito comércio, mas uma parte é residencial. Em locais desse tipo, as mudanças são ainda maiores.
Como alternativa para os binários, existem duas soluções: aumentar o número de ruas ou diminuir o de carros. Para aumentar o número de vias, a cidade precisaria investir em ruas elevadas e viadutos, a exemplo do que ocorre em São Paulo, por conta do trânsito, e Rio de Janeiro, em função do relevo.
Já para reduzir o número de carros, os usuários de automóveis precisam migrar para o transporte público. Para isso, é importante ter transporte público de qualidade. Outra alternativa para a mudança na forma de locomoção é com a criação de pedágios no centro da cidade. Londres adota o pedágio na cidade, mas é uma medida extremamente impopular e que foi pensada por mais de dez anos. Além disso, exige um investimento em dispositivos que fiscalizem os carros.
Outras medidas que podem surtir efeito são os incentivos e investimentos para que as pessoas utilizem as bicicletas, além de carros menores. Na França, carros compactos elétricos são alugados para as pessoas andarem nas regiões centrais. A mudança de cultura é difícil, já que no Brasil, ao contrário da Europa, o carro é um sonho de consumo.
Os binários de 2016
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Na oportunidade, o prefeito Carlos Eduardo, o titular da Secretaria de Obras, Tomaz Neto, secretários, vereadores e moradores farão uma caminhada em trechos da Av. Mor Gouveia.
De acordo com Tomaz Neto, a caminhada partirá da rua Hidrógrafo Vital de Oliveira (nas proximidades da Rodoviária de Natal) e seguirá até o cruzamento da Mor Gouveia com a Av. Jaguarari. “Será uma visita do prefeito, dos secretários e de toda a população ao projeto que redefinirá o fluxo de veículos naquela área. Faremos um percurso de quase 2 km”, explicou o secretário de Obras.
Com a mudança (já posta em prática na segunda-feira), o trânsito na avenida Mor Gouveia passa a ser mão única a partir da avenida Adolfo Gordo (no sentido zona Oeste - zona Sul). Já a avenida Jerônimo Câmara será toda em mão única (sentido zona Sul - zona Oeste).
"Essa obra é uma parceria entre o Governo Federal e a Prefeitura do Natal e que, infelizmente, sofreu atrasos no seu cronograma. Mas agora, entregaremos os binários completamente prontos, com novas calçadas, canteiros reformados, nova iluminação, nova sinalização para o transporte público, entre outros serviços. O orçamento total é de R$ 119 milhões de reais”, finalizou o secretário de Obras.
STTU
A Secretária da STTU, Elequicina Maria dos Santos explica que anteriormente “as duas vias paralelas tinham o mesmo sentido de fluxo para o destino. Agora com a implantação dos binários nós vamos otimizar o escoamento dos veículos na região, oferecendo mais possibilidades de destinos com fluxos diferentes. Isso é um ganho real na qualidade da fluidez da mobilidade na região”.
Ainda de acordo com a Secretaria Municipal de Mobilidade Urbana será realizada uma ampla campanha com educadores de trânsito e agentes de mobilidade urbana para informar aos usuários sobre as mudanças nas duas vias.
Outro detalhe é que com a intervenção, as linhas de ônibus que trafegam na Mor Gouveia no sentido Rodoviária, passarão a operar pela Jerônimo Câmara e de lá retornarão aos seus respetivos itinerários a partir da Avenida dos Caicós. Os detalhes sobre as linhas de ônibus seguem em anexo e serão disponibilizados informativos aos usuários dentro dos ônibus.
Binários são mal necessário para o trânsito
A partir desta segunda-feira, Natal contará com mais um binário para tentar desafogar o trânsito da capital. O sistema irá abranger o perímetro formado pelas avenida Capitão-Mor-Gouveia e Jerônimo Câmara. Esse é o 3.º binário da capital e não deve ser o último, já que para o próximo mês entrará em vigor o binário das avenidas Antônio Basílio e Nascimento de Castro. Trata-se de uma alternativa que virou tendência nas grandes cidades. O binário, sistema que consiste em transformar vias paralelas de mão dupla em ruas com um único sentido, é visto como solução para dar mais fluidez ao tráfego de vias rápidas e muito movimentadas. Se fôssemos criar uma nova cidade, as ruas seriam de mão única. Em um município moderno, não faz mais sentido haver vias de mão dupla.
Só para se ter uma ideia de como os binários fazem falta, basta lembrar das confusões causadas por motoristas, em ruas de mão dupla, que querem fazer a conversão à esquerda: os carros que vêm logo atrás precisam esperar até que os da faixa contrária deem passagem ao que está fazendo a conversão. Isso gera estresse e buzinadas.
Hoje os binários são um mal necessário. Ruim com eles, pior sem eles. No entanto, acredita que tais sistemas não estão dando conta de desafogar o trânsito, pois o número de veículos cresce mais que a capacidade das cidades em ampliar suas ruas – em dez anos, a frota de veículos de Natal aumentou cerca de 70%.
O binário formado pelas avenidas Amaro Barreto e Cel. Estevam no Alecrim é o campeão de reclamações de moradores e motoristas que afirmam ver as duas vias ficarem congestionadas o dia inteiro em determinados trechos.
Outro lado
Os binários possuem dois propósitos principais: dar mais agilidade aos veículos do transporte coletivo e segurança ao pedestre na hora de atravessar. Por meio de estudos, a prefeitura levantou a relação dos locais onde há mais reclamação de pedestres e onde os ônibus não estão conseguindo cumprir os horários. O objetivo é melhorar o fluxo como um todo, mas a prioridade é esse público.
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Em relação aos binários que começam a gerar reclamações, a solução encontrada pela STTU pode ser proibir os estacionamentos na via para sempre, durante todo o dia e não apenas no horário de pico. As pessoas reclamam, mas não é possível agradar a todos. Os motoristas, em especial, precisam pensar de modo menos individual, procurar caminhos e horários alternativos e aderir à carona solidária.
Binários melhoram trânsito, mas trazem risco aos pedestres
Passados dois anos da implantação de dois binários (ruas paralelas que operam em sentido oposto), os natalenses que cultivam o hábito de dirigir nas avenidas Miguel Castro e Amintas Barros não têm do que se queixar. O trânsito melhorou e passou a fluir mais rapidamente, afirmam. Mas bastou saírem do carro e virarem pedestres para as reclamações sobre acidentes e risco de atropelamentos começarem. O problema é o aumento da velocidade dos veículos que trafegam nos binários formados pelas ruas Maestro Joca Leiros, e Prof. Jonas.
“Antes a nossa rua era tranqüila. Agora os carros não respeitam mais ninguém. A gente acaba ficando longe do meio-fio de medo que algo aconteça”, diz moradora que preferiu não se identificar, que há 30 anos mora na rua Maestro Joca Leiros . Tem muita gente idosa morando aqui na rua que agora evita sair de casa concluiu a aposentada. A mão única não trouxe nenhum ponto de ônibus das linhas que por lá trafegam e as ruas estão com muito tráfego.
Planejamento
O binário é uma técnica para resolver problemas localizados de trânsito, mas para Natal, hoje, é uma medida muito tímida. A prefeitura deveria descobrir quais são os deslocamentos mais freqüentes na cidade, seja de carro ou de ônibus, para direcionar suas obras. Isso seria feito a partir de pesquisas domiciliares ou de consultas ao IPTU.
A cidade chegou num ponto em que é necessário buscar o apoio do planejamento de transporte. Rabiscar alguns binários não é planejamento.
Texto: Sérgio Luis de Deus/Vanessa Prateano /Themys Cabral/Vitor Geron com edição e consultoria de Hudson Silvestre
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