China envia para o Brasil mais de 7 mil carros elétricos da BYD e preocupa montadoras brasileiras

 Uma visão de drone mostra um navio BYD atracando para entregar veículos no porto de Itajaí, em Santa Catarina, Brasil, em 28 de maio de 2025. REUTERS/Anderson Cohelo

A montadora chinesa BYD tem ampliado de forma expressiva as exportações de veículos elétricos de baixo custo para o Brasil. O avanço preocupa sindicatos e representantes da indústria automotiva nacional, que temem prejuízos à produção local e aumento no desemprego.

No fim de maio, o maior navio de transporte de carros do mundo, o BYD Shenzhen, atracou no porto de Itajaí (SC) carregando 7.292 veículos elétricos, uma operação inédita no país. O navio tem capacidade para transportar o equivalente a 20 campos de futebol em veículos. Essa foi a primeira viagem ao Brasil da embarcação, e o desembarque envolveu mais de 500 profissionais, 130 caminhões-cegonha e um sistema logístico monitorado em tempo real, que permitiu a movimentação de 100 veículos por hora.

Segundo reportagem da agência Reuters, a BYD, maior fabricante chinesa de carros elétricos e híbridos plug-in, tem utilizado uma frota própria e crescente de navios para acelerar sua presença internacional. O Brasil se tornou um dos principais mercados-alvo da empresa. Só em 2025, quatro navios da montadora já atracaram no país, somando cerca de 22 mil veículos.

A tendência é de crescimento: as importações de carros chineses devem aumentar quase 40% este ano, chegando a 200 mil unidades, cerca de 8% dos emplacamentos de veículos leves no país. Para representantes da indústria e de sindicatos, o aumento nas importações pode afetar negativamente os investimentos nas fábricas nacionais e a geração de empregos.

De acordo com a IndustriALL Brasil, entidade que representa trabalhadores de seis setores industriais, enquanto países como Estados Unidos e membros da União Europeia têm imposto barreiras rígidas à entrada de veículos chineses, o Brasil mantém o mercado aberto, o que estaria sendo aproveitado pelas montadoras do país asiático.

Atualmente, a tarifa de importação sobre veículos elétricos no Brasil é de 10%. O setor industrial pressiona o governo federal a antecipar o aumento dessa alíquota para 35%, hoje previsto para ocorrer de forma gradual até 2026.

Enquanto consolida sua presença no Brasil, a BYD enfrenta obstáculos no mercado chinês e em outras regiões. Internamente, a montadora participa de uma intensa guerra de preços, com cortes que reduziram margens de lucro. No exterior, enfrenta tarifas de 45,3% na Europa e de mais de 100% nos Estados Unidos, além de restrições ao uso de softwares chineses em veículos.

O Brasil, sexto maior mercado automotivo do mundo, atrai tanto empresas já consolidadas, como Volkswagen, General Motors e Stellantis, quanto marcas emergentes como a BYD. Incentivos governamentais à venda de carros elétricos e híbridos tornam o país um alvo estratégico na corrida pela eletrificação da frota.



Ana Bezerra

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