O Rio Grande do Norte é o segundo maior produtor de energia eólica do Brasil, com 308 parques e 3.446 aerogeradores, somando mais de 10 mil megawatts de potência instalada, cerca de um terço da geração eólica nacional. O estado fica atrás apenas da Bahia, que lidera com 11 mil MW. A energia produzida no RN contribui significativamente para o abastecimento do Nordeste, que já exporta quase 30% de sua produção para outras regiões do país.
Apesar do crescimento, o setor enfrenta desafios. Desde 2023, os cortes na produção de energia (curtailment) impostos pelo Operador Nacional do Sistema já causaram prejuízos estimados em R$ 2 bilhões em 2025. Segundo a presidente da Abeeólica, Elbia Gannoum, o problema decorre do excesso de oferta em relação à demanda e da limitação na infraestrutura de escoamento da energia, especialmente durante picos de geração solar. Isso tem impactado a indústria e a geração de empregos no setor.
O investimento em energia eólica também tem efeitos positivos no desenvolvimento regional. Dados apontam que, em municípios com parques instalados, o PIB local cresceu mais de 21% e o IDH, cerca de 20%. Entre 2015 e 2024, o Brasil recebeu mais de US$ 42 bilhões em investimentos no setor. No RN, os parques eólicos se tornaram fonte relevante de renda em cidades do interior, e a produção evitou a emissão de 40 milhões de toneladas de CO₂ apenas em 2024.
Por outro lado, cresce a preocupação com os impactos sociais da instalação dos parques. Agricultores de Serra do Mel acionaram a Justiça contra a empresa Voltalia, alegando prejuízos à produção agrícola, perda de direitos e problemas de saúde associados à convivência com os aerogeradores. Para enfrentar esses desafios, a Abeeólica elaborou um guia de boas práticas para orientar a expansão do setor de forma mais sustentável e dialogada com as comunidades afetadas.
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