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| O Dia Nacional da Língua Portuguesa foi criado em 2006, por meio de um projeto do então senador Papaleo Paes, do Amapá. |
Nesta terça-feira (5), é comemorado o Dia Nacional da Língua Portuguesa, uma data dedicada à celebração da riqueza, diversidade e musicalidade do idioma falado por mais de 260 milhões de pessoas em todo o mundo. No Brasil, o português vai muito além de um meio de comunicação: é símbolo de cultura, identidade e história.
A beleza e a complexidade da língua foram eternizadas nos versos de Olavo Bilac, em um dos poemas mais conhecidos da literatura brasileira, “Língua Portuguesa”, no qual o autor a descreve como bela e culta, mas também como um tesouro bruto, escondido sob a pedra dura da história e do tempo.
Poema de Olavo Bilac — “Língua Portuguesa”
Última flor do Lácio, inculta e bela,
És, a um tempo, esplendor e sepultura:
Ouro nativo, que na ganga impura
A bruta mina entre os cascalhos vela.
Para Bilac, a língua portuguesa é melódica, rica, polissêmica e sonora, capaz de traduzir o amor, a dor e a saudade. É música e emoção, que alterna entre a “tuba de alto clangor” e a “lira singela”, guardando tanto o arrolo da ternura quanto a força das tempestades.
A língua também é história e cultura, herdeira da “voz materna” e dos ecos de Camões, e versátil, presente tanto “em ruelas e becos” quanto “em casas e escolas”, sendo usada para brincar, pensar, amar e escrever.
Em Natal e no interior potiguar, o idioma ganha vida nas cantorias de viola, nas trovas populares, nas obras de poetas e escritores, e até no modo de falar característico dos potiguares, que mistura tradição, regionalismo e afeto.
O Dia Nacional da Língua Portuguesa foi criado em 2006, por meio de um projeto do então senador Papaleo Paes, do Amapá, aprovado pelo Congresso Nacional. A data de 5 de novembro foi escolhida em homenagem ao aniversário do jurista, político e escritor Ruy Barbosa, um dos maiores defensores da correção e da valorização do idioma no Brasil.
Segundo o autor do projeto, a língua portuguesa foi essencial para a formação da nação brasileira e continua sendo um instrumento de unidade, identidade e expressão cultural. A data também busca valorizar o português como língua de integração entre os países que compõem a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), como Brasil, Portugal, Angola, Moçambique, Cabo Verde, Guiné-Bissau, São Tomé e Príncipe, Guiné Equatorial e Timor-Leste, reforçando seu papel como elo de união e preservação cultural.
No Rio Grande do Norte, nomes como Câmara Cascudo, Auta de Souza, Ferreira Itajubá e Zila Mamede ajudaram a consolidar a produção literária potiguar, mostrando a força criativa do idioma e sua capacidade de traduzir o espírito nordestino com beleza e autenticidade.
No Brasil, cada sotaque, expressão popular e modo de dizer reflete a pluralidade de um país que, mesmo diverso, mantém na língua um elo de união. Como disse Bilac, o português é “ouro nativo”, que guarda na sua sonoridade o esplendor e a força da cultura de quem o fala.
*Ana Bezerra