Você é um ficha limpa no trânsito?

Aproveitando que o assunto “ficha limpa” é atual, mesmo sem valer para a maioria de nossos parlamentares, o conceito veio para ocupar seu lugar. Não é possível que tenhamos que conviver eternamente com a corrupção, com os desmandos, falcatruas e arranjos que interessam a espertalhões. É um pouco assim também no trânsito.

Uma minoria acaba por nos levar ao estado em que nos encontramos. Sim, uma minoria, cerca de 10 % de todos os condutores, são ficha limpa no trânsito. E 90% não têm contra si nenhuma imputação do cometimento de qualquer infração.
O trânsito acaba sendo um grande laboratório, onde vemos aflorar muito de nossa falta de educação, de civilidade, de cortesia. Vivemos em uma sociedade competitiva, somos levados a buscar vantagem onde for possível, nem que para isso tenhamos que atropelar o bom senso. Há, inclusive, quem acredite que obedecer às leis seja careta, seja coisa de otário.

Quem de nós não tem na ponta da língua uma desculpa esfarrapada para justificar um avanço de sinal vermelho? Respeitar o semáforo é tão elementar que não há justificativa plausível, mas, em 2010, cerca de 145 mil catarinenses foram flagrados pelos equipamentos eletrônicos cometendo essa infração. E isto considerando que esses equipamentos ainda não chegaram na absoluta maioria de nossas cidades. Só na avenida beira-mar norte, em Florianópolis, esta infração é registrada cerca de 100 vezes por dia, mesmo todos sabendo que lá existem aparelhos que fotografam o cometimento da infração.

Há alguma lógica? Não. Mas não faltam vozes a dizer que existe uma indústria da multa. O que existe, na verdade, é uma indústria de infrações. Nas portas dos colégios, a hipocrisia chega aos limites do absurdo.

O pai ou a mãe quer que seu filho aprenda, estude, que seja um futuro cidadão, mas eles próprios param o veículo em fila dupla, ou estacionam em local proibido. Cuidado! Crianças percebem muito bem nossa hipocrisia. Uma leitura mais atenta nos números vai demonstrar que há um grupo de condutores situados na faixa dos 25 aos 59 anos responsável por cerca da metade de todas as infrações. Entre esses reincidentes, há desde motoristas por profissão, que dirigem muitas horas por dia, como nossos motoristas de ônibus, condutores autônomos, motociclistas em geral, sobretudo os motoboys; Em comum, todos eles têm consciência sim de que estão cometendo alguma irregularidade.

Não há inocentes nessa história. Basta um condutor em velocidade incompatível para colocar todos em risco, mesmo quem está dirigindo dentro das normas e do limite de velocidade.

Mas não há solução, então? O caminho é longo, uma subida, mas só avançaremos se acreditarmos na preparação do futuro condutor, se dermos o exemplo a nossos filhos e se a fiscalização voltar a cumprir seu papel. Afinal, somos ou não somos nove entre cada dez condutores conscientes?

Sérgio Bona de Portão

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