O motoqueiro

” Olha lá o cara da moto ” , disse o meu amigo Honório quando nos encontramos numa avenida central da cidade. Cara atrevido. Impaciente. Parece que vai tirar o pai da forca. Bateu no retrovisor do carro. Foi fechado no corredor. Faz zique-zague. Passou no vermelho. Não obedece as placas de conversão proibida. Sabe que a moto é frágil e mesmo assim se expõe na velocidade. Observando com detalhes ele disse ” é motoboy, com aquele caixote atrás “. Desta forma é possível fazer uma comparação entre o motoqueiro, que é aquele descrito acima e o motociclista, verdadeiro piloto de moto, que mesmo com uma moto potente, é obediente e respeitosdo. A maioria das mortes e ferimentos graves no trânsito está ocorrendo com condutores de motos pequenas, dirigidas não por motociclistas, mas sim por motoqueiros, fazendo várias estrepolias sob a justificativa do ganhar tempo, ganhar um pouco mais. Será que vale a pena?

Veículo extremamente frágil. Onde está o cinto de segurança? As barras laterais de proteção? O para-choque e o capo frontal é o torax e a cabeça do condutor. Tudo isto que num automóvel representa segurança, na moto fica por conta do corpo humano. Recentemente apareceu o colete com air bag, ótimo. A moto é um equipamente de trabalho irreversível pela praticidade e ligeireza, Para a moto não há congestionamento. É econômica e fácil de comprar. Porém, a moto tem todas estas vantagens se estiver rodando e o condutor com saúde. Numa fração de segundos pode transformar-se num monte de ferros retorcidos e o condutor num doente, tirando o leito hospitalar que poderia estar sendo usado por um doente natural do coração, do cancer, do derrame cerebral ou pode também transformar-se num morto. São 17 milhões de motos no Brasil. Não é moleza. O custo do DPVAT é 3 vezes maior do que de um automóvel por causa dos feridos e mortos nos acidentes, independente do motoqueiro ser culpado ou inocente no acidente.

Muitas vezes a colisão ou a queda do motoqueiro foi causada pelo condutor de outro carro, ônibus ou caminhão, mas os danos físicos recaem sobre o motoqueiro. Boa parte dos capacetes não suportam o impacto e não protegem adequadamente a cabeça. Muitos motoqueiros são pais de família e ganhar um pouco a mais ao dia, com 5 ou 6 entregas é um adicional ao ganho, porém, nada justifica expor a vida. Muitos conduzem a moto sem habilitação, com pneus carecas e com péssimo estado de manutenção, inclusive dos freios e sem a vestimenta adequada. Antes, o número de motos era pequeno e o reinado do,automóvel sempre prevalecia. Hoje, o número de motos em circulação é enorme, são como formigas e isto obriga até mesmo os condutores de automóvel a ter mais respeito para com o condutor da moto. O que estraga e ainda gera conflitos são os maus condutores de moto, os abusados, os que obrigam o automóvel frear bruscamente, gerando sustos. Ao conduzir uma moto deve prevalecer o cuidar de si e dos outros e o controle emocional, caso contrário é discussão, briga e agressão. Finalizo afirmando : andar de moto é gostoso, ferir-se ou morreer de moto é doloroso.

Luiz Eduardo Hunzicker

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