porta aberta! acidente na certa!
Qualquer ciclista que pretenda pedalar por ruas ou avenidas, nas mais diversas cidades brasileiras, precisa ter em mente o cumprimento de uma série de regras simples de segurança para que seu passeio ou trajeto percorrido, não se transforme em um pesadelo. Vimos em artigos anteriores diversas dicas de locomoção sobre duas rodas, equipamentos de segurança e as mais variadas advertências sobre os riscos que um ciclista corre quando pedala. Apesar de parecer, para que lê este artigo, em um primeiro momento, que pedalar representa uma aventura cheia de riscos, vai a mensagem: as advertências e dicas de segurança são simples de serem cumpridas e podem ser praticadas por qualquer ciclista. Observadas estas questões, o ato de pedalar é prazeroso e saudável. Quem pedala contribui para a manutenção de sua saúde e interage com o meio em que vive. E esta interação não tem preço.
Agora imagine a seguinte situação: você pedalando, distraidamente em meio ao trânsito de veículos, curtindo alguns momentos de interação com o meio ambiente e com as pessoas que o cercam. Observa os pedestres, acena para outros ciclistas, curte aquela praça aconchegante que, a bordo de seu automóvel, você mal daria atenção. E ainda consegue contribuir para seu condicionamento físico. Após muitos metros, você cruza uma esquina, em uma rua mais apertada, transitando próximo de alguns carros estacionados e, de repente, vem o inusitado. Você ao chão, com escoriações nos joelhos e nos braços, após chocar-se contra uma porta aberta repentinamente. A condutora te observa assustada, pedindo desculpas pelo ocorrido e lamentando a abertura da porta de seu carro. Ou ainda, podemos ir mais longe, imagine no lugar desta mulher, um homem. Você ao chão, todo machucado, tendo que aguentar aquela pessoa, mal-humorada, proferindo palavrões e chamando sua atenção para o trânsito. E ainda te exige que você pague o conserto da porta, como se já não bastasse ter se ralado todo no asfalto.
O Código de Trânsito Brasileiro estabelece a responsabilidade do condutor do veículo em primar pela segurança no momento do desembarque:
Artigo 49. O condutor e os passageiros não deverão abrir a porta do veículo, deixá-la aberta ou descer do veículo sem antes se certificarem de que isso não constitui perigo para eles e para outros usuários da via.
Parágrafo único. O embarque e o desembarque devem ocorrer sempre do lado da calçada, exceto para o condutor.
A legislação deixa clara a responsabilidade de condutor e seus passageiros no zelo à segurança. Apenas esta premissa já é motivo para o sucesso em ações judiciais que possam ocorrer em decorrência de sinistros desta natureza. E não adianta o passageiro alegar que não possui CNH e desta forma, não conhece sua responsabilidade. O condutor é responsável por todos, pois partindo do paralelo previsto no Código Penal, o condutor pode responder por uma atitude omissiva ou comissiva perante uma infração cometida pelo passageiro, em particular, na situação tema de nosso artigo. Deixemos de lado as consequências que podem ocorrer após o sinistro. Vamos voltar ao nosso tema central. Como pedalar de forma segura no trânsito e escapar das famigeradas portas inadvertidamente abertas.
O primeiro ponto a ser ressaltado ao ciclista é: no trânsito todo cuidado é pouco. Um ciclista precavido atenta para os inúmeros detalhes encontrados no trânsito e sempre observa o comportamento dos motoristas e suas possíveis manobras. Ao trafegar por ruas apertadas, o ciclista deve observar, entre os veículos parados, se há pessoas no interior do veículo na iminência de desembarcarem (isto quando dá para ver entre as películas, cada vez mais escuras). Outro ponto importante é a distância da bike em relação aos veículos parados. Partindo do princípio que uma porta mede aproximadamente 1 metro de comprimento, o ideal é trafegar a esta distância em relação aos veículos estacionados.
A velocidade desenvolvida em uma bike é outro fator agravante. O ciclista deve imprimir uma velocidade moderada, em consonância com sua segurança. Pedalar em velocidade moderada pode permitir ao ciclista desviar de portas abertas ou ainda diminuir as consequências de um eventual impacto. Vale sempre lembrar: no trânsito bike e velocidade não combinam. A instalação de luzes intermitentes na dianteira da bike pode fazer a diferença, mesmo durante o dia. As luzes auxiliam na identificação da bike. Não podemos esquecer que um condutor pode, mesmo tomando as medidas de segurança, ser traído por um ponto cego em seu veículo. As luzes intermitentes minimizam este fator.
Seguindo estas regrinhas simples estamos contribuindo para nossa própria segurança. Dizem que se conselho fosse bom, seria vendido. Neste caso, além de gratuito, é imprescindível para sua segurança. Afinal, nos meus primeiros 18 anos de vida, sempre utilizei, como meio de transporte, a bicicleta. E olha que já levei tombo, ralei joelho e escapei de portas assassinas neste tempo em que a bike era meu único veículo. E mesmo hoje, ainda credito a ela uma das alternativas para o trânsito cada vez mais caótico de nossas cidades. Uma dose de atenção e prudência ao pedalar contribui para o prazer que só uma bike pode oferecer. E, como mencionado no início deste artigo, isto não tem preço.
PS: Em breve publicaremos um artigo sobre o tema, voltado aos motoristas. O mesmo assunto visto de outro prisma. Boa pedalada a todos!
Ricardo José
Jornalista.
Jornalista.
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Bicicletada de Natal