O efeito “L” nos veículos articulados



Efeito “L”

Um dos acidentes mais comuns de encontrarmos em nossas vias públicas, envolvendo veículos articulados (Cavalo-trator e semi-reboque), atende pelo nome de efeito “L”. É muito comum um motorista alegar, quando indagado a respeito do acidente, que seu veículo “deu L”. Mas afinal, por quê ocorre o efeito “L” nestas combinações de veículos? A resposta para esta questão está intimamente ligada aos seus sistemas de freios. Um sistema de freios deve funcionar simultaneamente, na relação eixos do cavalo-trator com eixos do semi-reboque ou ainda com ligeiro acionamento prévio do sistema de freios do semi-reboque. Quando isto não ocorre, geralmente o condutor pode perder o controle do veículo. Esta situação pode inclusive ocorrer em trechos de reta e até em velocidade moderada. Para compreendermos melhor, veremos a seguir quais efeitos podem ocorrer quando há o bloqueio isolado dos eixos, tanto no semi-reboque como no cavalo-trator.

Quando o sistema de freios de um semi-reboque é acionado ocorrendo o bloqueio dos eixos, sem que haja o acionamento do sistema de freios do cavalo-trator, o semi-reboque pode derivar lateralmente, causando a perda de controle do veículo. Quando o sistema de freios do cavalo-trator é acionado apenas no eixo dianteiro do cavalo-trator, não havendo o bloqueio do eixo traseiro e dos eixos do semi-reboque, o semi-reboque se lança para a frente, sendo impossível a dirigibilidade do conjunto e, nestes casos, ou o veículo se envolve em uma colisão com os demais veículos à frente ou, se o seu condutor tentar derivar para qualquer direção, poderá causar o tombamento do conjunto.

Pra que ocorra o efeito “L” deverá haver o bloqueio isolado do eixo traseiro do cavalo-trator, o eixo de tração. Neste caso, o sistema de freios do eixo dianteiro não funciona corretamente em harmonia com o sistema traseiro do cavalo-trator e com o sistema de freios do semi-reboque. Quando isto ocorre, a junção entre os veículos “se dobra” formando um “L” em relação ao cavalo-trator e ao semi-reboque. O semi-reboque continua sua trajetória enquanto o cavalo-trator, com seu eixo traseiro travado, deriva para o lado em que as rodas dianteiras estejam apontando, sendo arrastado pelo semi-reboque, formando um “L” ou um canivete.

As causas para que o efeito “L” ocorra estão ligadas ao ineficiente funcionamento do sistema de freios do conjunto. Entre os fatores que podem causar a ineficiência do sistema de freios, destacamos a má regulagem das catracas, lonas de freio desgastadas, folgas na relação lona-tambor nos semi-reboques ou ainda distribuição incorreta da pressão de ar nos pneus. Outros fatores devem também ser considerados como vazamento de ar, pneus desbalanceados, cargas mal distribuídas e até mesmo o pavimento molhado que, apesar de não estar diretamente ligado aos problemas citados, superdimensionam os efeitos destas irregularidades no conjunto.

Semi-reboques equipados com sistema de freios a tambor apresentam menor capacidade de frenagem em relação ao sistema de freios dos cavalos-tratores. Para que haja a equação correta dos freios o condutor deve sempre observar o estado de conservação das lonas e tambores de freio dos semi-reboques, utilizando sempre dispositivos genuínos e em perfeita qualidade, e verificar a regulagem dos antecipadores de freios.

O efeito “L” pode ocorrer em retas e mesmo com o semi-reboque vazio, isto é, sem carga. Neste caso, o problema é mais acentuado em virtude da falta do peso da carga, que torna a força utilizada pelo sistema de freios desproporcional ao peso total da combinação. O problema poderia ser solucionado se o veículo contasse com uma válvula sensora de carga, que compensa a força imprimida nos freios, de acordo com o peso do veículo. O freio motor também pode causar o efeito “L”, quando em condições de pista molhada.

Para evitar a ocorrência do efeito “L”, o condutor deve sempre manter o sistema de freios em perfeito estado de funcionamento, os pneus devidamente calibrados e balanceados e, em condições climáticas desfavoráveis, diminuir a velocidade do veículo, desta forma, minimizando os perigos de uma freada brusca em um pavimento molhado.
 
 Rubem Penteado de Melo

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