Morrem atualmente no mundo (dados da OMS) cerca de 1.300.000 pessoa/ano, deixando ainda um rastro de mais de 50 milhões de feridos, a um custo aproximado de US$ 518 bilhões/ano! Neste trágico cenário, o Brasil contribui com mais de 60.000 mortes/ano, quase 600.000 feridos, além de um verdadeiro exército de mutilados com 150.000 pessoas com lesões irreversíveis.
Destes, milhares são jovens que confessam ter acabado com as suas vidas e a de seus pais, fruto de sua irresponsabilidade. Outros tantos foram excluídos do convívio social, afastados do mercado de trabalho, muitos arrimos de família. É o equivalente a 165 mortes/dia, sete a cada hora. Tudo isto pela bagatela de mais de R$ 40 bilhões/ano.
Há anos a violência no trânsito em muitos países vem sendo tratada como um problema de saúde pública, pois mata e fere mais do que muitas guerras e acidentes naturais, aumentando a perda da qualidade de vida de seus cidadãos.
Aqui no Brasil, tragédias de trânsito são tratadas como algo imprevisível, desconsiderando-se que as mesmas são perfeitamente evitáveis, alimentando na nossa sociedade o cruel conceito de que motoristas saem às ruas sem intenção de matar, ou de ferir deliberadamente! Este errôneo conceito é o principal fator que alimenta a impunidade. Contudo, não é apenas a sociedade, a vilã de manter a IMPUNIDADE no topo do pódio.
A própria Justiça brasileira defende este conceito na medida em que trata a quase totalidade das ações que produzem mortes no trânsito como homicídio culposo, isto é: quando não há intenção de matar, reservando aos motoristas de direção irresponsável e assassina apenas a doação de cestas básicas como sentença. E o que dizer disto? Uma decisão calcada em uma lei e código retrógrados, que comparam a vida de nossos filhos a alguns grãos de arroz e feijão! Aos senhores da lei, deixo aqui a pergunta: "quanto vale a vida de seus filhos?
Fernando Diniz
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