Em tempos de manifestações pela manutenção do preço das passagens de ônibus e de prefeitos e governadores brasileiros quebrando a cabeça para priorizar o transporte público em vez do particular, um exemplo que vem de fora chama atenção.
É comum flagrar o prefeito de Londres, Boris Johnson, chegando e saindo do trabalho em sua bicicleta. Na capital londrina, ao contrário dos municípios brasileiros, prefeito e vereador não recebem carro oficial ao ocupar o cargo.
Todos são avisados de que usar o transporte público é praticamente uma obrigação do posto para o qual foram eleitos. Para tanto, recebem um vale-transporte. O tíquete é anual e vale para ônibus, trens e metrô.
Reembolso de despesas com táxi? Só se as autoridades provarem que não podem usar uma opção mais barata. E as prestações de contas referentes ao gasto podem ser acessadas por qualquer cidadão na internet.
Reembolso de despesas com táxi? Só se as autoridades provarem que não podem usar uma opção mais barata. E as prestações de contas referentes ao gasto podem ser acessadas por qualquer cidadão na internet.
Como base de comparação, a Câmara Municipal de São Paulo, que aluga os veículos oficiais usados por seus 55 vereadores, gasta anualmente cerca de R$ 1,78 milhão. O valor consta em contrato com a Cotrans Locadora de Veículos e inclui gastos com manutenção e tributos e assegura a troca da frota a cada 30 meses.
Recentemente, a Assembléia Legislativa de São Paulo (Alesp) cancelou um edital de licitação para a renovação de sua frota de 150 carros oficiais para uso dos deputados estaduais e de diretores da Casa – a Alesp possui 94 deputados estaduais. A frota, conforme o modelo descrito no edital (o Corolla, da Toyota), custa cerca de R$ 72,5 mil pela tabela Fipe. Logo, o montante gasto pelo órgão público seria de R$ 11 milhões, sem contabilizar o valor da venda da frota “antiga” ou eventuais descontos fornecidos pela montadora para uma compra desse porte.
Uma rápida pesquisa na página de licitações e contratos vigentes da Câmara dos Deputados, na capital federal, mostra que a Casa vai pagar à empresa Brasfort Administração e Serviços Ltda., por exemplo, R$ 6.334.366,11 para a condução de veículos oficiais e R$ 583.864,63 para a manutenção de automóveis. Os contratos são anuais e a Câmara possui um total de 513 deputados.
Se o exemplo que vem de Londres pegasse no Brasil, dificilmente o cidadão iria reclamar.
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