Redação,Via Certa

Fiat Uno
Crédito: Fiat/Divulgação


No início, nem tudo foi fácil. Numa época em que mesmo os carros compactos tinham motor longitudinal, a Fiat lançou o Uno com propulsor transversal e formas pouco convencionais. O apelido não demorou: “bota ortopédica”, disseram nas ruas. Como se o bullying automotivo já não fosse suficiente, o novo modelo deveria superar a má fama deixava pelo pioneiro 147 no Brasil. O 147 trazia diversos avanços (caso do próprio motor transversal, em plenos anos 70!), mas o histórico de fragilidade e quebras não ajudava muito. Porém, o Uno venceu preconceitos e fragilidades, e decolou.

O hatch foi lançado em agosto de 1984, portanto há 35 anos. E trazia um conceito revolucionário para a época: era pequeno por fora e grande por dentro. Conseguia isso por meio de um ótimo aproveitamento de espaço. O conjunto mecânico ocupava a dianteira curta, enquanto passageiros acomodavam-se em uma cabine alta e espaçosa. A posição elevada dos bancos garantia visibilidade exemplar. A ampla área envidraçada também favorecia a visão do exterior. O modelo também inovou ao vir com apenas um limpador de para-brisa.

Desenhado por Giorgetto Giugiaro, o Uno foi lançado na Itália em 1983, portanto apenas um ano antes de sua chegada ao Brasil. Para ser produzido em Betim (MG), o hatch passou por diversas alterações e reforços. O processo de tropicalização resultou em um veículo que deveria resistir ao uso severo. Além disso, o porta-malas foi aumentado, para acomodar melhor a bagagem da família. Isso porque, ao contrário da Europa, aqui ele não seria apenas um city car, para deslocamentos urbanos, e sim um automóvel para cidade e estrada, para uso urbano e viagens em família.

Somando as vendas de suas duas gerações (o modelo foi completamente mudado em 2010), até julho de 2019 foram produzidas cerca de 4 milhões de unidades do Uno. Esse número faz dele o modelo mais vendido da marca até hoje.
1984 – O começo

O Uno chegou com duas opções de motor (1.050 e 1.300 cm3), e três versões de acabamento: (Super), CS (Confort Super) e SX (Sport Experimental). Nesta última, o motor 1.300 tinha carburador de corpo duplo, e rendia até 71,4 cv. O painel tinha instrumentos adicionais, caso do conta-giros e manômetro de óleo. Além disso, havia faróis de longo alcance no para-choque.
1985 – A família cresceu

No ano seguinte, a Fiat lançou o primeiro derivado da linha: o sedã Prêmio. O modelo de três volumes tinha traseira bem alta e porta-malas espaçoso. A perua Elba viria em 1986, enquanto o furgão e a picape Fiorino chegariam dois anos depois, 1988.

1987 – Nasce o esportivo

Faixas laterais, rodas esportivas, tampa traseira pintada de preto e cintos vermelhos marcaram o visual do Uno 1.5R, versão esportiva do modelo. O câmbio tinha escalonamento com relações mais curtas. As rodas mais largas ganharam pneus especiais, e os discos dianteiros passaram a ser ventilados. A suspensão foi endurecida e ganhou barra estabilizadora. Com motor 1.5 de 86 cv, era capaz de acelerar de 0 a 100 km/h em 12 segundos, e de alcançar 162 km/h de máxima, bons números para a época. Dois anos depois, com motor 1.6, o modelo passou a se chamar 1.6 R.

1990 – Chega o Uno Mille

Com a redução de impostos oferecida pelo governo a carros com motor até 1.0, a Fiat foi rápida ao reduzir a cilindrada do Uno (que era de 1.050 cm3), e lançou o primeiro “carro popular”, com 48,5 cv.

Já no primeiro ano foram vendidas 100 mil unidades, êxito que continuou durante a década de 90, o que consolidou a Fiat na posição de grande líder do mercado de carros 1.0. Consumo e preço baixo se tornaram características do modelo. No ano seguinte, a série especial Brio vinha com carburador duplo e 54 cv. Além disso, a linha de 1991 também teve mudanças. A gama recebeu frente remodelada, com faróis e grade de perfil mais baixo.
1992 – Uno Eletronic

O Uno ganhou ignição eletrônica mapeada e o sobrenome Eletronic, que resultou em melhor dirigibilidade sem comprometer o consumo. Mais ágil e com motor de 56 cv, também foi o primeiro veículo do segmento a apresentar carroceria de quatro portas.
1994 – ELX, o Mille “de luxo”

A versão ELX chegou com itens como trava e vidros dianteiros elétricos. Também adotava frente e painel das versões de topo de linha do Uno. No ano seguinte, evoluiu para a versão EP, com injeção eletrônica.
1994 – O primeiro turbo

Em fevereiro de 1994, a Fiat sacudiu o mercado brasileiro com o Uno Turbo. Pela primeira vez no País, um carro de passeio saía de fábrica com turbocompressor. De acordo com a fabricante, o modelo acelerava de 0 a 100 km/h em 9,2 segundos, e alcançava 195 km/h.

2001 – Motor Fire

Na virada do milênio, a Fiat lançou a linha de motores Fire, com menor atrito interno e maior economia. O motor Fire 1.0 tinha 55 cv.
2004 – Ano da reestilização

Ao completar 20 anos no mercado nacional, em 2004 o modelo recebeu uma grande reestilização. A frente foi remodelada e recebeu faróis de superfície complexa, mais eficientes. A grade frontal cresceu. Na traseira, as lanternas foram redesenhadas.
2008 – Mais economia

O Mille Economy foi lançado em 2008. Graças a alterações nos pneus (que passaram a usar maior pressão), motor, câmbio e suspensões, o hatch ficou em média 10% mais econômico.
2010 – O novo Uno

A segunda geração do Uno chegou em 2010. A Fiat adotou o tema “quadrado arredondado” para definir o estilo do modelo. Ele preservava o aproveitamento de espaço do primeiro modelo, mas com linhas mais curvas.


Além da carroceria de maior rigidez, a nova versão marcou a estreia dos motores Fire 1.0 Evo e Fire 1.4 Evo, ambos flexíveis.

O novo hatch chegou em três versões: Vivace 1.0, Attractive 1.4 e Way 1.0 e 1.4. Oferecia também múltiplas opções de personalização, tanto de elementos visuais quanto de itens de conveniência.
2013 – Arrivederci, a despedida

Para marcar a aposentadoria definitiva do Uno de primeira geração, em 2013 a Fiat lançou a série Grazie Mille (muito obrigado), com tiragem limitada a 2 mil unidades numeradas do modelo. Entre as novidades, a série ganhou a pintura verde Saquarema.
2016 – Reestilização

Em 2016 o Uno ganhou reestilização na dianteira e a nova família de motores FireFly (1.0 de três cilindros e 1.3 de quatro). O modelo também recebeu controles de tração e estabilidade, além de assistente de partida em rampa.

Atualmente, as vendas do Uno estão bem longe de seus dias de glória. Este ano, no acumulado até julho, o Uno ocupa apenas a 33ª posição entre os carros de passeio, com 11.773 unidades.

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