Com a chegada de junho e o início das tradicionais festas juninas no Nordeste, o comércio de milho se intensifica no Rio Grande do Norte. A Feira do Milho de Natal, que ocorre desde 2023 no Centro Administrativo, na marginal da BR-101, próximo à Arena das Dunas, será realizada este ano de 6 de junho a 6 de julho, funcionando diariamente inicialmente de 7h às 19h e depois pode se estender por mais horas.
O evento reúne produtores de vários polos do estado e é considerado uma importante fonte de renda para muitas famílias. A feira conta com apoio do governo estadual e da Secretaria Estadual de Desenvolvimento Agrário e da Agricultura Familiar (Sedraf), que investiram na limpeza e melhoria do espaço para receber o público. Atualmente, o preço médio de uma “mão de milho”, pacote com 50 espigas, é de cerca de R$ 40, valor que atrai consumidores no período junino.
Para a família de Sheila da Cunha Bezerra, a feira representa tradição e sustento. Há 25 anos, Sheila e seus familiares participam da Feira do Milho. “Minha família é toda envolvida. Minha filha, que mora no Rio de Janeiro, já está se organizando para ajudar nas vendas. Todos estão presentes”, contou.
A expectativa da família é vender cerca de 800 mil espigas neste São João. “Esperamos que a população continue consumindo o milho para celebrar essa época tão marcante para o Nordeste”, disse Sheila. A renda obtida com as vendas é importante para o sustento da família e para garantir os estudos das filhas.
Família da comerciante Sheila, na feira em 2024. Foto: Cedida
Emater-RN calcula perdas entre 70% e 80% da safra do milho
Segundo a Emater, apesar do movimento intenso nas feiras, a safra do milho de sequeiro no estado enfrenta perdas significativas devido à estiagem que afetou agricultores familiares em diversas regiões do Rio Grande do Norte. As perdas na produção variam entre 70% e 80%, conforme dados das regionais da instituição.
Cícero Figueiredo, diretor técnico da Emater-RN, informou que, apesar das sementes terem sido entregues dentro do período ideal, antes da quadra invernosa, os produtores não conseguiram evitar os prejuízos causados pela seca. “Infelizmente, mesmo com a preparação, a estiagem afetou fortemente a produção dos agricultores familiares”, explicou.
Em decorrência das perdas, alguns municípios potiguares acionaram o programa Garantia Safra, do governo federal, que oferece suporte financeiro a agricultores em regiões afetadas por eventos climáticos adversos, como estiagem ou excesso de chuvas. No Rio Grande do Norte, o programa é gerenciado pela Sedraf.
Segundo especialistas, as condições climáticas adversas são reflexo da irregularidade das chuvas, que comprometeu a produtividade das lavouras em boa parte do semiárido potiguar. Ainda assim, a Feira do Milho segue como símbolo de resistência, cultura e fonte essencial de renda para os produtores do estado.
Por Ana Bezerra
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