O câncer de mama é o tipo de câncer mais comum entre as mulheres no Brasil, com uma estimativa de 73.610 novos casos para 2023, segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA). Apesar dos avanços no diagnóstico e tratamento, a doença ainda é uma das principais causas de morte feminina no país.
Pesquisadores da Fiocruz Minas avançaram em estudos que avaliam o uso de nanopartículas de óxido de ferro para combater o câncer de mama. Os resultados recentes mostram que essas nanopartículas conseguem impedir a multiplicação das células tumorais e ajudam a evitar a metástase,quando o câncer se espalha para outros órgãos.
Publicado no periódico Cancer Nanotechnology, o estudo indica que essas nanopartículas têm potencial para complementar os tratamentos convencionais, especialmente para pacientes que não respondem bem às terapias atuais.
Nos experimentos com camundongos, os animais foram divididos em dois grupos, e apenas um recebeu o tratamento com as nanopartículas. No grupo tratado, houve aumento significativo das células natural killers (NK), que atacam e destroem células doentes, e redução dos neutrófilos, que podem favorecer o crescimento do tumor.
Os pesquisadores também identificaram uma queda nos níveis da molécula MCP-1, relacionada à formação de metástases. A análise dos pulmões e fígado, órgãos frequentemente afetados, mostrou que os camundongos tratados apresentaram menos focos tumorais nos pulmões, indicando menor capacidade do câncer de se espalhar.
Segundo o pesquisador Carlos Eduardo Calzavara, o câncer normalmente “engana” o sistema imunológico, permitindo que o tumor cresça sem ser combatido. As nanopartículas provocam um “despertar” do sistema de defesa, que passa a reconhecer as células cancerígenas como ameaça e as elimina, sem causar danos ao organismo.
De acordo com a Fiocruz, estudos anteriores do grupo já mostraram que as nanopartículas podem reprogramar os macrófagos, células do sistema imune, para um perfil mais agressivo contra o tumor, reduzindo em quase 50% a massa tumoral nos animais tratados.
Apesar dos avanços, Calzavara destaca que ainda há etapas a cumprir antes da terapia ser testada em humanos. O próximo passo são estudos pré-clínicos para avaliar efeitos colaterais, dosagem ideal e como o organismo absorve e metaboliza as nanopartículas, seguidos dos testes clínicos.
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