EUA revogam visto de Moraes e acusam ministro de censura e perseguição política

O governo dos Estados Unidos revogou, nesta sexta-feira (18), o visto do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). A decisão foi anunciada pelo secretário de Estado, Marco Rubio, que acusou o magistrado de promover censura e perseguição política contra o ex-presidente Jair Bolsonaro, com impactos diretos sobre a liberdade de expressão nos EUA.

Segundo Rubio, a medida tem efeito imediato e também atinge familiares de Moraes e outros ministros do STF identificados como aliados nas decisões que envolvem Bolsonaro. “A caça às bruxas conduzida por Moraes criou um ambiente de censura tão amplo que ultrapassa as fronteiras do Brasil e ameaça direitos fundamentais dos americanos”, declarou o secretário, em nota pública.

Rubio atua como chanceler na nova gestão de Donald Trump, que voltou à presidência dos EUA após as eleições de 2024. A revogação dos vistos integra uma ofensiva diplomática liderada por aliados de Bolsonaro no exterior, especialmente nos EUA, onde parlamentares conservadores pressionam por sanções a autoridades brasileiras.

A iniciativa ocorre no mesmo dia em que Moraes autorizou novas ações da Polícia Federal no inquérito sobre uma suposta tentativa de golpe. Bolsonaro e ex-integrantes de seu governo foram alvos de buscas e de novas medidas cautelares.

O gesto norte-americano causou forte repercussão no meio jurídico e diplomático. Especialistas apontam que a revogação de vistos por razões políticas envolvendo membros do Judiciário de países aliados é incomum e pode representar uma quebra de protocolo nas relações bilaterais.

Alexandre de Moraes é relator de investigações contra Bolsonaro, incluindo os inquéritos sobre disseminação de fake news, ataques às instituições e tentativa de golpe. Suas decisões vêm sendo criticadas por apoiadores do ex-presidente, que o acusam de extrapolar suas funções.

Já o governo Trump tem adotado uma política externa alinhada ao conservadorismo bolsonarista, intensificando as críticas às ações do Supremo brasileiro. A tensão entre os dois países se agrava em um momento de instabilidade institucional no Brasil e de crescente influência internacional das disputas políticas domésticas.