De acordo com o MPRN, o esquema utilizava a agência municipal LOTSERIDÓ, criada pelo próprio Município, para conferir uma aparência de legalidade a diversas plataformas de apostas online. As apurações indicam a prática de lavagem de dinheiro, associação criminosa, exploração de jogos de azar, induzimento à especulação e crimes contra as relações de consumo.
O Ministério Público destacou que as operações eram irregulares, já que municípios não têm competência legal para legislar ou explorar loterias e apostas de quota fixa. Por isso, a Justiça considerou a medida urgente, diante do risco de fuga de capitais, sonegação de impostos e dissipação de patrimônio obtido com as atividades ilegais. O bloqueio tem o objetivo de garantir o ressarcimento de danos e assegurar o confisco dos valores obtidos de forma ilícita.
A investigação também identificou movimentação financeira expressiva. Segundo informações fornecidas pela própria Prefeitura de Bodó, as empresas arrecadaram cerca de R$ 415 milhões em apenas dez meses de funcionamento, considerando que o Município recebia 2% da receita bruta das apostas, valor que teria gerado cerca de R$ 8 milhões aos cofres municipais.
As apurações revelaram ainda o uso de “laranjas”, pessoas com perfil socioeconômico incompatível com os montantes movimentados, e empresas de fachada, registradas em endereços inexistentes ou que continuaram a operar mesmo após terem sido baixadas na Receita Federal.
O MPRN também apura crimes digitais e contra o consumidor, uma vez que as plataformas de apostas teriam utilizado falsificação digital institucional, inserindo códigos em sites com domínios oficiais, como “.gov.br” e “.edu.br”, para enganar usuários e simular credibilidade.
Por determinação judicial, foram bloqueados saldos em contas bancárias, aplicações financeiras, planos de previdência, veículos e imóveis vinculados aos investigados.
