Uniões consensuais superam casamentos pela primeira vez, aponta IBGE


Pela primeira vez, o Brasil tem mais casais vivendo juntos sem formalizar a relação do que casados oficialmente. Segundo dados do Censo 2022, divulgados nesta quarta-feira (5) pelo IBGE, 38,9% da população com 10 anos ou mais vivem em união consensual, enquanto 37,9% estão casadas no civil e no religioso. O levantamento aponta uma clara mudança no comportamento social e cultural do país nas últimas décadas.

No total, 51,3% dos brasileiros vivem em algum tipo de união conjugal, o que representa cerca de 90,3 milhões de pessoas. Em 2000, esse percentual era de 49,5%, e em 2010, de 50,1%. Além disso, o número de pessoas que nunca viveram em união conjugal caiu de 38,6% (em 2000) para 30,1% (em 2022).

A pesquisa mostra que, ao longo dos últimos 20 anos, cresceram as uniões consensuais e os casamentos apenas no civil, enquanto diminuíram os casamentos no civil e religioso e os apenas religiosos. Em 2000, 49,4% dos brasileiros casavam no civil e religioso; em 2022, esse índice caiu para 37,9%. Já as uniões consensuais passaram de 28,6% para 38,9%.

Segundo a analista da pesquisa, Luciene Longo, o avanço das uniões consensuais “reflete transformações sociais e econômicas do país, a ampliação da autonomia individual e uma menor influência da religião nas decisões sobre casamento”.

Os dados também revelam diferenças importantes entre regiões, faixas etárias e perfis socioeconômicos. As uniões consensuais são mais comuns entre pessoas mais jovens, com até 39 anos (56,2% delas), enquanto as uniões formais predominam entre pessoas com 40 anos ou mais (76,3%).

Em relação à renda, quanto menor o rendimento, maior a proporção de uniões informais. Entre pessoas com renda domiciliar per capita de até meio salário mínimo, 52,1% vivem em união consensual. Já entre os que ganham mais de cinco salários mínimos, 54,3% estão casados no civil e religioso.

A religião também influencia: 62,5% das pessoas sem religião vivem em união consensual, enquanto católicos (40%) e evangélicos (40,9%) aparecem com maior presença de casamentos civis e religiosos.

Quando observadas as diferenças raciais, o casamento formal ainda predomina entre brancos (46%) e amarelos (48,2%), enquanto a união consensual é maioria entre indígenas (56%), pretos (46,1%) e pardos (43,8%).

Outro destaque do Censo é o crescimento expressivo das uniões homoafetivas. O número de casais do mesmo sexo passou de 58 mil em 2010 para 480 mil em 2022, o equivalente a 0,7% das unidades domésticas do país. Desses, 77,6% vivem em união consensual e apenas 13,5% têm casamento civil registrado.

O estudo também indica que as mulheres continuam se unindo mais cedo do que os homens, mas a diferença vem diminuindo. A idade média à primeira união passou de 24,2 anos em 2000 para 25 anos em 2022. Entre homens, a média é de 26,3 anos, e entre mulheres, 23,6.

Para o IBGE, os dados confirmam uma tendência de longo prazo: o Brasil está se afastando do modelo tradicional de casamento e consolidando novas formas de convivência. “As uniões consensuais se tornaram o principal tipo de relação no país, acompanhando mudanças de valores, da economia e da própria dinâmica das famílias brasileiras”, conclui o instituto.

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