Flávio Meneghetti, presidente da Fenabrave, quer fazer da entidade uma tribuna política em defesa dos interesses dos revendedores e não apenas uma entidade que discuta o mercado de veículos. Ele definiu esse projeto como prioridade da sua gestão, iniciada em dezembro e que vai até o fim de 2014.
Mas falando ontem (5) a jornalistas brasileiros em Las Vegas, onde participa do Congresso dos revendedores dos Estados Unidos, Flávio Meneghetti admitiu que tem uma tarefa mais urgente em defesa dos interesses dos concessionários brasileiros: a questão das vendas diretas, feitas pelas fábricas para frotistas, especialmente para as locadoras, que são beneficiadas com descontos generosos, que podem passar de 30%, enquanto a margem de lucro (bruta) das concessionárias é de 8% a 12%, segundo a Fenabrave.
As montadoras foram longe demais, disse o dirigente, explicando que 33% de todas as vendas no ano passado foram feitas diretamente da fábrica para o consumidor, sem passar pelas concessionárias.
Nós investimos na locação de imóveis bem localizados – e caros -, no estoque de peças, treinamento de pessoal, marketing, contribuímos com a imagem da marca, e quem leva vantagem são as locadoras, disse Meneghetti, referindo-se aos grandes descontos dados aos frotistas. Em alguns casos, o desconto chega a 35% sobre o preço de tabela. Por que a fábrica não dá esse desconto pra nós, que poderíamos repassar parte para o cliente e ter maior rentabilidade!, perguntou, lembrando ainda que essa prática afeta também o governo, porque, ao vender por um preço abaixo da tabela, a montadora reduz a arrecadação de impostos.
A lei que regula a relação das montadoras com as concessionárias, prevê um volume máximo de venda direta de 10% sobre a produção. Mas as fábricas foram aumentando essas vendas especiais para Vips, funcionários das fábricas e seus parentes, pessoas jurídicas, profissionais liberais, até chegar a essa número que Meneghetti considera insustentável.
Aqui no Congresso da NADA – National Automobile Dealers Association, Flávio Meneghetti viu que o problema também atinge o mercado estadunidense. Com a crise no país, as montadoras passaram a vender o carro mais barato, o que derrubou o preço da própria marca. Quando o preço do carro cai, quem acabou de comprar um OK tem o valor do seu patrimônio depreciado e o dono do carro usado também perde com isso. Quer dizer: a atitude tomada pela montadora para desovar o estoque e ganhar participação, afeta toda a cadeia e a própria marca é que é prejudicada.
Menegueti quer resolver o problema de forma diplomática. Na visita que fez a uma das grandes montadoras para discutir o assunto, sentiu que existe uma disposição por parte do fabricante. Mas a batalha está apenas começando.
O presidente da Fenabrave quer também nessa gestão incrementar o treinamento aos profissionais da rede, porque a mão de obra precisa ser mais qualificada. Vai expandir a Universidade Fenabrave, fazendo parceria com uma grande instituição de ensino. Ele quer preparar os profissionais para atender a demanda desse mercado que está amadurecendo e precisando de pessoas melhor formadas e qualificadas.
Uol.com