A obrigatoriedade do uso de simuladores de direção por autoescolas gerou polêmica nesta quarta-feira (23) em audiência pública conjunta das comissões de Viação e Transportes; de Defesa do Consumidor; e de Finanças e Tributação. Foi discutida a resolução do Conselho Nacional de Trânsito (Contran), que exige, a partir de junho, 5 horas de aulas em simuladores de direção, antes do início das aulas práticas na rua.
Tramita na Casa ainda um projeto de decreto legislativo (PDC 1263/13) que susta a norma do Contran, que está pronto para ser votado no Plenário.
Mais qualificação
De acordo com Cunha, as autoescolas do Rio Grande do Sul compram os equipamentos de quatro empresas diferentes ou têm contratos de comodato com elas. “Não há monopólio”, observou. “E a norma do Contran não obriga a compra de equipamentos”, complementou. O vice-presidente do Sindicato das Auto Moto Escolas e Centros de Formação de Condutores de São Paulo, Magnelson Carlos de Souza, defende o uso compartilhado de simuladores pelas autoescolas. “O simulador é um avanço tecnológico, e não um obstáculo”, opinou.
Falta de planejamento
A representante do Sindicato das Autoescolas do Ceará, Roberta Lima, acha que só os dados do Rio Grande do Sul são insuficientes para a avaliação da eficácia dos simuladores. Ela acredita que são necessários dados nacionais e que o equipamento não pode ser obrigatório neste momento. O vice-presidente da Federação Nacional das Autoescolas e Centro de Formação de Condutores, Murilo dos Santos, também destacou a falta de planejamento antes de ser instituída a portaria do Contran. “Vamos fazer uma experiência com mais de 2 milhões de candidatos?”, questionou.
Embora tenha ressaltado a eficácia do simulador para a formação do condutor, o presidente da organização não governamental Observatório Nacional de Segurança Viária, José Aurélio Ramalho, afirmou que os simuladores disponíveis no mercado hoje precisam de adaptações, como ajustes de tela para evitar o desconforto causado com o uso, como náusea. Além disso, alguns simuladores carecem de fidelidade com a realidade - por exemplo, algumas placas são diferentes das reais; em outros, faltam placas. Ele defende uma metodologia de ensino padronizada. “Do jeito que está, é problemático”, completou.
Entre os deputados, o assunto também causa divergência. Alguns deputados defenderam que o uso dos simuladores seja facultativo. “Em nenhum país do mundo é obrigatório”, disse Domingos Sávio (PSDB-MG). O deputado Hugo Leal (Pros-RJ), que solicitou a audiência, acredita, porém, que o processo para a formação de condutores deve ser único em âmbito nacional. Ele disse que não há dúvida sobre os benefícios dos simuladores para a formação dos condutores e defende a resolução do Contran. Para outros parlamentares, a resolução beneficia, sobretudo, os fabricantes e comerciantes de simuladores. “É mais um bom negócio do que um bom instrumento para a formação de condutores”, afirmou o deputado Marcos Rogério (PDT-RO).
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