O ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, passou a ser figura central na crise política e jurídica envolvendo o ex-presidente Jair Bolsonaro. Nesta sexta-feira (18), o Supremo Tribunal Federal (STF) autorizou medidas restritivas contra Bolsonaro, incluindo o uso de tornozeleira eletrônica e a proibição de contato com autoridades estrangeiras, citando diretamente tentativas de aproximação com Trump para influenciar o Judiciário brasileiro.
De acordo com o ministro Alexandre de Moraes, relator do caso, há indícios de que Bolsonaro buscou apoio de Trump para interferir nos processos em andamento no STF, configurando ameaça à soberania nacional. A decisão judicial aponta que a pressão do ex-presidente norte-americano, incluindo ameaças de tarifas econômicas ao Brasil, visava desestabilizar o funcionamento das instituições brasileiras.
Nos últimos dias, Trump intensificou declarações públicas em defesa de Bolsonaro. Em carta divulgada no Truth Social, o ex-presidente dos EUA escreveu: “Tenho visto o tratamento terrível que você está recebendo nas mãos de um sistema injusto voltado contra você. Este julgamento deve terminar imediatamente!”. A publicação veio acompanhada de críticas diretas ao STF e anúncio de uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros, com início previsto para 1º de agosto.
A tentativa de Trump de influenciar o cenário político brasileiro foi considerada grave pelo STF. Moraes afirmou, na decisão, que a medida tarifária anunciada por Trump tinha potencial para gerar crise econômica com motivações políticas, sendo uma forma indireta de intimidar o Judiciário brasileiro.
Em entrevista à agência Reuters, Bolsonaro afirmou que desejaria encontrar Trump, caso pudesse ter acesso ao seu passaporte, atualmente retido pela Justiça brasileira. Ele também confirmou conversas com representantes diplomáticos dos Estados Unidos sobre o tema.
As restrições contra Bolsonaro também incluem a proibição de contato com o deputado federal Eduardo Bolsonaro, que, segundo a decisão judicial, estaria atuando em Washington para mobilizar apoio internacional ao pai. Bolsonaro nega qualquer articulação formal, mas admitiu que o filho busca cidadania norte-americana.
A escalada da pressão internacional liderada por Trump se insere em um momento em que Bolsonaro responde a acusações no STF por tentar impedir a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 2023. As tentativas de interferência externa, agora documentadas em decisão judicial, ampliam o alcance da crise e colocam as relações diplomáticas entre Brasil e Estados Unidos sob novo escrutínio.
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