Você sabia que o GPS usado no Brasil é controlado pelos Estados Unidos?




Imagine acordar e descobrir que o Waze parou de funcionar, seu celular não sabe mais onde você está e aviões não podem decolar. Pode parecer ficção científica, mas essa é uma possibilidade real: os Estados Unidos podem restringir ou até cortar o sinal do GPS em determinados países, inclusive o Brasil, em situações de conflito ou crise diplomática.

Apesar de seu território continental e da forte dependência da tecnologia de geolocalização, o Brasil não possui um sistema próprio de navegação por satélite. Toda a infraestrutura do país, de aviação e transporte a agricultura de precisão e logística, opera a partir do sinal do GPS, que é controlado pelo Departamento de Defesa dos EUA desde a década de 1960.

Embora o sinal civil seja aberto ao uso global, os EUA mantêm a capacidade técnica de degradar ou bloquear o sinal em regiões específicas. Essa medida já foi adotada no passado, especialmente em zonas de conflito, como no Oriente Médio.

A dependência do GPS afeta setores críticos. Um corte no sinal afetaria rotas aéreas e marítimas, paralisaria maquinário agrícola, prejudicaria telecomunicações e tornaria inúteis aplicativos como Waze, Google Maps e Uber.

Enquanto isso, outras potências como Rússia (GLONASS), China (BeiDou), União Europeia (Galileo) e Índia (NavIC) já desenvolveram seus próprios sistemas, garantindo autonomia tecnológica e estratégica.

No Brasil, a única estrutura semelhante é a RBMC (Rede Brasileira de Monitoramento Contínuo dos Sistemas GNSS), operada pelo IBGE. No entanto, ela apenas monitora sinais de satélites estrangeiros,  não emite sinal próprio de navegação.

Projeto no Senado

Em 2024, o senador Styvenson Valentim (Podemos-RN) apresentou o Projeto de Lei 4.569/2023, que propõe o desenvolvimento do Sistema Brasileiro de Posicionamento Global. O relator, senador Marcos Pontes (PL-SP), ex-ministro da Ciência e ex-astronauta, destacou: “Não se trata de desconfiança com aliados, mas de segurança e soberania tecnológica. O Brasil precisa estar preparado.”

Criação de um GPS Brasileiro

O Brasil iniciou oficialmente os estudos para criar um sistema próprio de navegação por satélite, semelhante ao GPS norte-americano. A medida, publicada no Diário Oficial da União no dia 03 de julho, estabelece um grupo técnico responsável por propor estratégias e tecnologias para o desenvolvimento de um sistema nacional de posicionamento, navegação e tempo (PNT).

A iniciativa é coordenada pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) e faz parte do plano de fortalecimento do Programa Espacial Brasileiro. A resolução foi assinada pelo ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), Marcos Antônio Amaro dos Santos. O prazo inicial para a entrega do relatório é de 180 dias, com possibilidade de prorrogação.

O principal objetivo da iniciativa é reduzir a dependência do Brasil dos sistemas estrangeiros, garantindo autonomia em áreas estratégicas como logística, agricultura, transporte, segurança e telecomunicações.

Ainda que o projeto esteja em fase inicial e aguarde votação e orçamento, especialistas ressaltam a importância de o Brasil avançar para assegurar sua soberania tecnológica e evitar vulnerabilidades geopolíticas.




Ana Bezerra













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