A vacinação contra o herpes-zóster, conhecido popularmente como cobreiro, pode oferecer benefícios além da prevenção da doença. Um estudo internacional apresentado no Congresso da Sociedade Europeia de Cardiologia indicou que adultos vacinados tiveram 18% menos eventos cardiovasculares, incluindo infarto e acidente vascular cerebral (AVC).
Especialistas explicam que o vírus da varicela-zóster, responsável pelo herpes-zóster, pode se reativar ao longo da vida e causar inflamação nos vasos sanguíneos, aumentando o risco de complicações cardiovasculares. A imunização, portanto, pode exercer um efeito protetor adicional.
Vacina pode ser incorporada ao SUS
Em abril deste ano, o Ministério da Saúde pediu estudos para avaliar a inclusão da vacina contra o herpes-zóster no Plano Nacional de Imunização (PNI), o que permitiria a oferta gratuita do imunizante pelo SUS. Atualmente, a vacina só está disponível na rede privada, com custo que pode chegar a R$ 2 mil pelas duas doses necessárias.
Embora o ministro Alexandre Padilha considere a incorporação uma prioridade, o processo depende de várias etapas. A solicitação é enviada à Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS (Conitec), que avalia eficácia, segurança e custo-efetividade, além de analisar viabilidade econômica e logística para distribuição em todo o país.
O que é herpes-zóster
Também conhecida como cobreiro, a herpes-zóster é causada pelo vírus varicela-zóster (VVZ), o mesmo da catapora. O vírus permanece “adormecido” no organismo e pode se reativar na idade adulta ou em pessoas com imunidade comprometida, como portadoras de doenças crônicas, pacientes com câncer, HIV/AIDS, transplantados e outros.
Em casos raros, a doença pode surgir após contato com pessoas infectadas por varicela ou herpes-zóster, indicando a possibilidade de reinfecção mesmo em indivíduos previamente imunizados. Crianças também podem contrair varicela por contato com portadores de zóster.
Todo esse processo costuma levar em torno de um ano ou mais, a não ser em casos excepcionais de emergências. Um exemplo foram as aprovações das primeiras vacinas contra a covid-19, que agilizaram pesquisas anteriores sobre o coronavírus para conseguir dar uma resposta rápida à gravidade da pandemia. No caso da herpes-zóster, a vacina deve chegar ao SUS em 2026, seguindo o padrão de condições sanitárias normais.
Sintomas
O quadro clínico geralmente apresenta sinais típicos, que antecedem as lesões na pele, incluindo:
Dor nos nervos (nevralgia);
Formigamento, agulhadas ou sensação de adormecimento (parestesias);
Ardor e coceira local;
Febre;
Dor de cabeça;
Mal-estar.
Complicações
O herpes-zóster pode levar a diversas complicações, como:
Ataxia cerebelar aguda, afetando equilíbrio, fala, deglutição, movimentos oculares e dos membros; Trombocitopenia, ou baixa contagem de plaquetas no sangue; Infecções bacterianas secundárias da pele, que podem evoluir para sepse, artrite, pneumonia, endocardite, encefalite, meningite ou glomerulonefrite; Síndrome de Reye, rara e potencialmente fatal, associada ao uso de AAS, especialmente em crianças; Infecção fetal durante a gestação, podendo causar malformações e alterações no sistema nervoso central; Varicela disseminada ou hemorrágica em pessoas imunocomprometidas; Nevralgia pós-herpética, dor persistente por semanas após a erupção cutânea, mais comum em mulheres e quando o nervo trigêmeo é afetado.
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