![]() |
O tradicional relógio do Alecrim/ Foto: Reprodução |
Um dos bairros mais tradicionais e movimentados de Natal completa aniversário nesta quinta-feira (23). O Alecrim chega aos 114 anos mantendo viva uma história que mistura comércio forte, diversidade cultural e personagens que ajudaram a moldar a capital potiguar.
Fundado em 23 de outubro de 1911, o Alecrim nasceu como o quarto bairro de Natal. Mas sua ocupação começou bem antes: desde o século 17, a região já tinha vida própria, conhecida inicialmente como Refoles e depois como Alto da Santa Cruz. Com o tempo, recebeu diferentes moradores, pescadores, sertanejos migrantes, comerciantes e ex-escravizados, que deram ao lugar uma identidade plural e popular.
Hoje, o bairro é reconhecido como o "coração do comércio potiguar". Suas avenidas numeradas, implantadas a partir do plano urbano do arquiteto italiano Giacomo Palumbo, abrigam centenas de lojas, galerias e serviços que atraem compradores de toda a Grande Natal.
A Feira do Alecrim, fundada em 18 de julho de 1920, é um dos símbolos do bairro. Um ponto de encontro semanal que começou de forma simples, à sombra de uma mangueira, e se transformou numa das feiras livres mais tradicionais do país. Em 2020, foi reconhecida como Patrimônio Cultural Imaterial do Rio Grande do Norte. Quem passa pela feira encontra de tudo: frutas, carnes, roupas, eletrônicos, artesanato e aquela conversa animada típica do lugar.
Ao longo das décadas, o Alecrim cresceu acompanhando o desenvolvimento de Natal. Durante a Segunda Guerra Mundial, recebeu um fluxo intenso de gente em busca de oportunidade. Foi palco de cinemas famosos, rodas de samba e encontros boêmios no lendário Bar Quitandinha. Suas ruas também guardam histórias curiosas, como a do ex-escravo Manoel Peregrino, figura controversa e apontado por alguns historiadores como possível inspiração para o nome do bairro, por causa do perfume de alecrim usado nas festas que promovia.
O Alecrim só foi oficializado como bairro em 1947 pela lei nº 251 de 30 de setembr. O Alecrim é hoje um mosaico de culturas e estilos. Tem forte religiosidade, abriga igrejas históricas e templos de diferentes denominações, além de ser um polo de trabalho e oportunidades para milhares de potiguares. Mesmo com os desafios urbanos de uma grande capital, continua sendo um território de afeto para quem nasceu ou escolheu viver ali.
No aniversário de 114 anos, o Alecrim segue fiel às suas raízes: popular, intenso, cheio de histórias e com os pés no futuro sem esquecer o passado. Um bairro que pulsa todos os dias, e que, como dizem seus moradores, "se acaba o Alecrim, acaba Natal".