Pais e responsáveis por alunos de uma creche da rede privada localizada em São Gonçalo do Amarante, na Região Metropolitana de Natal, denunciaram que crianças teriam recebido gotas de um medicamento para induzir o sono durante o período em que permaneciam na instituição. O caso é investigado pela Polícia Civil do Rio Grande do Norte.
As suspeitas surgiram após os responsáveis perceberem mudanças no comportamento das crianças, que passaram a chegar em casa excessivamente sonolentas. Em alguns relatos, os pais afirmam que os filhos dormiam ainda durante o trajeto entre a creche e a residência, situação considerada incomum para a rotina habitual.
De acordo com denúncias apresentadas por responsáveis e ex-funcionários, o suposto medicamento era referido internamente pelo apelido de “docinho” e teria sido administrado durante o banho das crianças. Mensagens, áudios e conversas que circulam nas redes sociais indicam que funcionários teriam sido orientados a não comentar com os pais qualquer alteração no comportamento dos alunos.
Em áudios atribuídos à rotina interna da instituição, há orientações para que professores informassem apenas que “estava tudo bem” quando questionados pelos responsáveis. Também há pedidos para que imagens enviadas aos pais mostrassem as crianças sorrindo. Ex-funcionários relataram ainda a falta de pessoal na unidade, o compartilhamento de espaços por crianças de idades diferentes e a participação de alunos mais velhos no cuidado com os menores.
Algumas mães afirmam que os próprios filhos relataram ter recebido “gotinhas” colocadas diretamente na boca. Em um dos depoimentos, uma criança teria informado que a substância era administrada enquanto tomava banho.
Após a repercussão do caso em blogs e redes sociais, o perfil da creche foi colocado em modo privado e a identidade visual da instituição foi alterada. Em nota, a direção da creche informou que não reconhece a veracidade das acusações, afirmou que adotou as medidas cabíveis e declarou estar à disposição das autoridades competentes. A instituição também informou que não concederá entrevistas neste momento e que eventuais esclarecimentos serão feitos exclusivamente por meio de nota oficial.
A Polícia Civil confirmou o recebimento da denúncia e informou que irá instaurar procedimento para apurar os fatos. As investigações devem esclarecer qual substância teria sido utilizada, se havia autorização dos pais para qualquer tipo de medicação e qual era a rotina adotada no atendimento às crianças.
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