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| Entre os queijos integrais mais conhecidos estão Cheddar, Brie, Gouda, Parmesão e Mussarela |
Um novo estudo sugere que o consumo de queijo integral e creme de leite pode estar associado a um menor risco de desenvolver demência mais tarde na vida. A pesquisa, publicada em dezembro de 2025 na revista Neurology, da Academia Americana de Neurologia, acompanhou mais de 27 mil adultos na Suécia por cerca de 25 anos e observou que aqueles que consumiam mais desses laticínios desenvolveram demência com menos frequência do que os que consumiam pouco ou nenhum.
Queijo integral é aquele feito a partir de leite integral, ou seja, leite que não teve a gordura removida. Diferente dos queijos com baixo teor de gordura ou light, o queijo integral mantém toda a gordura natural do leite, que geralmente varia entre 20% e 40% de gordura, dependendo do tipo de queijo.
Os pesquisadores enfatizam, no entanto, que os resultados indicam uma associação, e não uma relação de causa e efeito. Ou seja, ainda não é possível afirmar que comer queijo integral previne a demência.
Segundo o estudo, os queijos com alto teor de gordura, acima de 20%, como cheddar, brie e gouda, foram os mais ligados a esse efeito. Participantes que consumiam 50 gramas ou mais de queijo integral por dia (cerca de duas fatias de cheddar) apresentaram 13% menos risco de desenvolver demência em comparação com aqueles que consumiam menos de 15 gramas. Para a demência vascular, o efeito foi ainda maior: 29% de redução no risco.
O estudo também avaliou o consumo de creme de leite integral, mostrando que 20 gramas ou mais por dia (aproximadamente 1 a 2 colheres de sopa) estavam associados a 16% menos risco de demência em comparação com quem não consumia.
Curiosamente, laticínios com baixo teor de gordura, leite, manteiga e iogurte não apresentaram nenhum efeito protetor. “Nem todos os laticínios são iguais quando se trata de saúde cerebral. Queijo e creme de leite integral podem ter algum benefício, mas outros produtos com baixo teor de gordura não mostraram essa relação”, explica Emily Sonestedt, PhD, da Universidade de Lund, na Suécia.
O estudo acompanhou os participantes durante décadas, coletando dados detalhados sobre hábitos alimentares, métodos de preparo e frequência de consumo. Entre os 27.670 adultos avaliados, 3.208 receberam diagnóstico de demência ao longo do estudo.
Os pesquisadores alertam que os resultados podem não se aplicar a outros países, já que os hábitos alimentares variam bastante. Por exemplo, na Suécia o queijo é frequentemente consumido cru, enquanto em outros países é comum o consumo aquecido ou acompanhado de carnes.
Apesar das limitações, o estudo levanta um ponto interessante: a gordura presente em alguns laticínios integrais pode não ser inimiga da saúde cerebral, desafiando antigas recomendações de evitar alimentos gordurosos. Os cientistas ressaltam que mais pesquisas são necessárias para entender melhor essa relação e descobrir se certos queijos e cremes podem realmente ajudar a proteger o cérebro.
