A redução no IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) é uma boa medida, mas insuficiente para aumentar a competitividade da indústria automobilística. A opinião é de Alcides Leite, professor de economia da Trevisan Escola de Negócios. Para ele, o governo precisa anunciar ações mais amplas.
“Esta foi uma medida pontual que ajuda a estimular as vendas, já que os estoques estão muito altos. Mas é preciso mais que isso. O Brasil necessita de uma política industrial consistente”, afirmou o economista. “Continuar com medidas paliativas não será suficiente”.
Ontem, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, anunciou a redução no IPI, como forma de incentivar o crescimento do setor automotivo e da indústria de bens de capital, segmentos diretamente afetados pelo agravamento da crise internacional.
No caso de carros até 1.000 cilindradas, a alíquota do IPI foi reduzida de 37% para 30%. Para as empresas habilitadas no regime automotivo, passou de 7% para zero. O pacote também inclui a redução das alíquotas do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) incidentes sobre o crédito para pessoa física e das taxas de juros do Programa de Sustentação do Investimento.
Incentivos
Para Leite, vários fatores dificultam a competitividade da indústria nacional como um todo e as montadoras em particular. Além do câmbio, há ainda o custo de produção, carga tributária elevada e forte burocracia”, explica. “Ainda há outros problemas, como a infraestrutura deficiente e o alto custo de insumos, especialmente energia elétrica”, completa.
O economista afirma que o governo precisa criar uma política industrial que inclua respostas a esses problemas. “Onde tem diretriz, os empresários respondem bem, como na aviação, no setor de petróleo e também no agronegócio”.
Inadimplência
Leite acredita que a redução do IPI e do IOF nos financiamentos terá um efeito benéfico ao consumo e descarta a possibilidade, aventada por alguns especialistas, de que incentivos ao consumo geram o risco de aumento na inadimplência.
“Em todos os lugares do mundo as pessoas compram bens duráveis por meio de financiamento. O problema não está no volume e nem no prazo, mas no custo de financiamento. Com a redução de juros, eles tendem a diminuir.
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