O paradoxo da industria da multa



Imagine a cena, você em casa, curtindo seus raros momentos de folga, em meio à rotina desgastante de trabalho, quando é surpreendido com uma correspondência enviada pelo correio. Para sua surpresa, você descobre que foi contemplado com uma multa por dirigir utilizando celular. Motivo suficiente para estragar qualquer dia. A primeira reação de qualquer mortal é um sentimento de revolta e de injustiça. Em poucos instantes a sensação de que você foi vítima de um complô arquitetado pelas autoridades para lhe subtrair seu dinheiro vem à tona. Você se sente vítima da industria da multa, cuja reputação é disseminada pela sociedade e faz suas vítmas silenciosamente, sem que haja defesa ou recurso. Você coça a cabeça, olha para os lados, sem que seu olhar fixe em algum ponto especial. 

Mergulhado em seus pensamentos, tenta reconstruir todos seus passos, refazer seu trajeto e relembrar os fatos que culminaram naquela injusta imputação de culpa. Aos poucos a sensação de ira vai dando lugar à reflexão e, absorto em seus pensamentos, vai relembrando cada cena em cada rua que trafegou. Em determinado momento, recordou-se que, em uma certa rua, atendeu ao telefone celular. Em poucos instantes sua ira cedeu lugar à resignação. Decepcionado, sua revolta se dissipa entre a certeza que realmente fez errado, apesar de não digerir em como, naquele determinado instante, ao atender o telefonema rapidamente, ser flagrado por um agente de trânsito. Aos poucos vai refletindo a respeito de seu ato e percebe que o erro cometido foi logo penalizado. Mas ainda imagina: por quê eu? Todos os dias você flagra inúmeras pessoas cometendo incontáveis infrações de trânsito e logo você foi surpreendido. 

Pois bem, se refletirmos por este prisma, veremos que realmente são inúmeras as infrações cometidas neste país, fruto da sensação de impunidade de nossos condutores e, digamos ainda, falta de educação moral de nossos cidadãos. Para quem ainda não acredita que nós motoristas brasileiros somos mal educados no trânsito é só prestar atenção nos noticiários e conferir o assustador número de acidentes, suas vítimas fatais ou e seu contigente de sobreviventes mutilados. 


 Realmente a indústria da multa existe, mas em um paradoxo do que realmente acreditamos existir. Nossa indústria da multa existe nas infrações cometidas e não flagradas, desde simples atos até ações potencialmente danosas que, juntas formam uma megainstituição de causar inveja à gigante Microsoft. 

Mas se ainda há alguém que lendo este artigo não concorde comigo, vai outra prova concreta. Segundo estudos da Universidade Anhembi-Morunbi, só em São Paulo, estima-se que a cada 10 mil infrações de trânsito, uma realmente se transfoma em multa. Eis o paradoxo da indústria da multa.

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