O influenciador digital Rico Melquiades afirmou nesta quarta-feira (14), durante depoimento à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) das Apostas Esportivas no Senado, que nunca utilizou contas “demo” — perfis fictícios fornecidos por plataformas de apostas para simular ganhos — e negou envolvimento com sites ilegais.
“Sei o que é uma conta demo, não vou ser hipócrita, mas nunca utilizei”, disse Melquiades, que acumula mais de 10 milhões de seguidores nas redes sociais. “Sempre usei contas reais, com login e senha. Os contratos que firmei com essas plataformas eram apenas publicitários.”
Melquiades é investigado pela Polícia Civil de Alagoas por supostamente promover apostas em plataformas clandestinas, e foi alvo da Operação Game Over 2, que resultou no bloqueio de bens e contas bancárias. Apesar disso, afirmou à CPI que não tinha consciência do impacto das publicidades e disse desconhecer casos de seguidores que tenham desenvolvido comportamento compulsivo por conta dos conteúdos divulgados.
O influenciador também negou ter recebido qualquer tipo de comissão proporcional às perdas dos usuários. “Eu tinha um contrato com a Blaze de valor fixo. Se entrasse gente ou não, jogassem ou não, eu ganhava a mesma coisa. Nunca recebi por perda de ninguém”, declarou.
Ao ser questionado sobre os valores exatos recebidos pelos contratos de publicidade, Melquiades exerceu o direito constitucional de permanecer em silêncio, conforme autorizado por decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
A relatora da CPI, senadora Soraya Thronicke (Podemos-MS), afirmou que os depoimentos de influenciadores são fundamentais para entender as estratégias usadas pelas plataformas para atrair apostadores. A comissão tem até junho para concluir os trabalhos e apresentar um relatório com propostas para regulamentação do setor.
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