Quando chega o período reprodutivo, a fêmea do bicho-preguiça tem um jeito peculiar de atrair parceiros. Em vez de se deslocar pela mata, ela permanece praticamente imóvel, emitindo gritos agudos que podem ser ouvidos a dezenas de metros. Essa vocalização característica funciona como um “anúncio” de que está pronta para acasalar, permitindo que machos localizem a fêmea mesmo em áreas de floresta densa.
Esse comportamento é especialmente observado na preguiça-de-três-dedos (Bradypus variegatus), espécie encontrada em boa parte da América Central e do Sul, incluindo a Amazônia brasileira. Como esses animais se movem de forma extremamente lenta e vivem em densidades populacionais baixas, o chamado sonoro é fundamental para que o encontro entre macho e fêmea ocorra a tempo. Pesquisadores já registraram que o som agudo, quase um assobio prolongado, percorre longas distâncias, compensando a pouca mobilidade do animal.
Depois que um macho escuta o grito, ele segue o som e sobe até a árvore da fêmea para o acasalamento. O processo, apesar de inusitado, garante a perpetuação da espécie em um ambiente onde encontrar um parceiro poderia ser um desafio. Assim, o famoso “sentar e gritar” não é apenas curiosidade: é uma estratégia evolutiva engenhosa, adaptada ao ritmo lento e ao estilo de vida singular dos bichos-preguiça.
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