No Dia Internacional para a Eliminação da Violência contra as Mulheres, celebrado nesta terça-feira (25), novos dados do DataSenado expõem a dimensão da violência de gênero no Brasil. Segundo a pesquisa, 3,7 milhões de mulheres sofreram algum tipo de agressão física, sexual, moral, psicológica ou patrimonial no último ano.
O levantamento ouviu cerca de 22 mil mulheres em todos os estados e revelou que, em 70% dos casos relatados, havia testemunhas no momento da violência. Mesmo assim, a maior parte não recebeu auxílio. Em 698 mil episódios, a vítima não estava sozinha, mas ninguém interveio.
Para especialistas, o dado reforça um padrão preocupante: mesmo quando a violência é vista, ela não é interrompida.
“É urgente que a sociedade compreenda que ajudar a mulher em situação de violência é um dever coletivo”, explicou a equipe responsável pela pesquisa.
Desde 2005, o levantamento é realizado a cada dois anos para subsidiar políticas públicas, incluindo a própria construção da Lei Maria da Penha. Os números mostram que a violência física e sexual permanece alta, mas cresce o reconhecimento de abusos morais e psicológicos, muitas vezes invisíveis e silenciosos.
A pesquisa aponta que: 70% das vítimas tiveram sua rotina diária alterada pela violência; 46% relataram prejuízos no trabalho; 42% sofreram impactos nos estudos; 9 em cada 10 mulheres disseram já ter sido alvo de violência digital, como ameaças, perfis falsos e divulgação de conteúdos íntimos.
Apesar disso, a maioria não denuncia. Entre os motivos mais citados estão medo do agressor, preocupação com os filhos, descrença na punição e a esperança de que o episódio “não se repetirá”.
Mais da metade afirmou que as agressões ocorrem há mais de um ano, indicando que a violência costuma se prolongar.
Campanha “Você Não Está Sozinha” mobiliza artistas e dá visibilidade ao feminicídio
Na segunda (24), véspera da data mundial de combate à violência contra a mulher, foi lançada a campanha #VocêNãoEstáSozinha, uma mobilização nacional para chamar atenção para o avanço do feminicídio no país. O projeto reúne artistas, apresentadoras e influenciadoras que contam histórias reais de mulheres assassinadas, mulheres cujos nomes foram “silenciados” pela violência.
A iniciativa nasceu após o assassinato de Clarissa Costa, 31, morta pelo ex-namorado que não aceitava o fim do relacionamento. Inconformada, a cantora e ex-BBB Juliette Freire reuniu uma série de personalidades femininas para transformar a dor em alerta público.
Participam do vídeo nomes como Xuxa, Angélica, Juliana Paes, Bela Gil, Bianca Andrade, Erika Januza, Ingrid Guimarães, Cíntia Chagas, Duda Santos, Isadora Cruz e Tati Machado.
Durante a gravação, elas relatam casos reais, destacam a diferença entre os tipos de violência, física, moral, psicológica, patrimonial e sexual, e reforçam números da crise de violência de gênero no país.
“Todos os dias, pelo menos quatro mulheres são mortas por feminicídio no Brasil. Somos o 5º país que mais mata mulheres no mundo”, alerta Xuxa em um trecho.
Juliette encerra o vídeo com um chamado direto:
“Você não está sozinha. Não tenha medo ou vergonha. Peça ajuda. Denuncie. Ligue 180. Não se cale.”
A campanha convida o público a compartilhar o vídeo para ampliar o alcance da mensagem e fortalecer a rede de proteção às mulheres.
