Manifestantes bloquearam trecho da rodovia entre Ceará-Mirim e Natal na manhã desta segunda-feira (21). Movimento cobra avanço da Reforma Agrária e denuncia retrocessos no Congresso.
Integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) realizaram um protesto na manhã desta segunda-feira (21) com bloqueios na BR-406, na altura de Massaranduba, em São Gonçalo do Amarante, na Região Metropolitana de Natal. O grupo seguia em direção ao bairro Parque dos Coqueiros, na Zona Norte da capital, com a intenção de bloquear o tráfego no sentido da Ponte de Igapó, um dos principais acessos à cidade.
O protesto causou congestionamento intenso para motoristas que saíam de Ceará-Mirim em direção a Natal. O grupo passou nas proximidades do viaduto do aeroporto, com o trânsito fluindo lentamente. Duas viaturas da Polícia Rodoviária Federal (PRF) acompanharam a manifestação, que seguiu de forma pacífica até o momento.
A ação faz parte da Semana Camponesa, promovida pelo MST em todo o país, em alusão ao Dia do Trabalhador e da Trabalhadora Rural, celebrado em 25 de julho. Além dos atos públicos, o movimento divulgou uma carta aberta à sociedade brasileira, na qual cobra o avanço da Reforma Agrária Popular e critica o que considera uma paralisia das políticas agrárias por parte do Governo Federal.
“Lula, cadê a Reforma Agrária?”, questiona o documento, afirmando que mais de 122 mil famílias organizadas em 1.250 acampamentos em todo o país ainda esperam acesso à terra.
Carta denuncia retrocessos no Congresso
A carta também denuncia retrocessos aprovados pelo Congresso Nacional, como o PL 2.169/2021, apelidado pelo movimento de “PL da Devastação”, que segundo o MST ameaça o meio ambiente e os povos do campo. O movimento também critica o PL 8262/2017, que permite ações policiais em ocupações sem ordem judicial, e a Instrução Normativa nº 112, do governo anterior, que facilita a mineração em assentamentos rurais.
Segundo o MST, o Governo Lula ainda não avançou em políticas fundamentais para os assentamentos. O movimento cobra recursos e agilidade em programas como o PRONAF A, PRONERA, PAA e Pronacampo, voltados ao fortalecimento da agricultura familiar e da educação no campo.
A carta afirma que, apesar da vitória eleitoral em 2022 com apoio popular, o governo não tem atendido de forma efetiva as demandas das famílias camponesas.
“Milhares de jovens desejam permanecer e contribuir com o desenvolvimento do campo, mas não têm condições de cursar o ensino superior. As políticas existem, mas não chegam à base”, diz o texto.
O documento também traz críticas ao papel de empresas transnacionais na agricultura brasileira e à influência dos Estados Unidos, citando ações recentes do ex-presidente norte-americano Donald Trump como ameaça à soberania nacional.
“Soberania nacional só é possível com soberania alimentar. E a soberania alimentar se constrói com a agricultura familiar camponesa e com a Reforma Agrária”, afirma o movimento.
Mobilização continua
O MST afirma que continuará mobilizado em defesa da Reforma Agrária Popular, da democracia e da justiça social. A carta pede que o presidente Lula oriente seus ministérios a atuarem com mais celeridade e destinem terras e recursos reais às famílias acampadas e assentadas.
Ana Bezerra
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